13- Fragmentos fotográficos do tempo

Como o olhar é verdadeiro e pertinente as nossas sensações, ao menos o meu. Sim!
Ele geralmente acompanha meu raciocínio. O que nem sempre consegue acompanhar essa suavidade, são as palavras. Elas acabam rasgando o tempo e protuberando-se para fora de forma que acabam sendo grosseiras e frigidas, por interromper ou romper de forma não saciável, e acabam dilacerando minha conexão como o meu momento ego...egocêntrico.
Quantas frustrações as palavras nos proporcionam. Quem nunca perdeu as palavras no momento em que mais precisavam estar com elas espirando.
Mas o olhar. Não! Sempre fiel.
Por vezes cheguei a estar em frente ao espelho e notar uma distorção irônica entre meu riso e meu olhar. Começava a rir mais ainda. E indagava-me:
- Como um olhar e um riso podem ter sentimentos próprios?
Era incrível! Mas alguém se dando conta e colocando um papel sobre meus olhos e depois sobre meu riso, iria ter interpretações dúbias. Quantas expressões numa só área...
Percebi que nem eu sou digna de compreender as turbulências de um corpo falante. Verdadeiramente falante.
Verdadeiramente? Como? Se uma única parte detecta dois momentos divergentes entre si?
Por que o ser humano insiste em tentar achar uma única explicação acidamente unitária para os fatos?
Depois de tantos pormenores resgatei que nem sempre sofremos UMA conseqüência, portanto nem sempre se tem UMA explicação para determinado fato, logo, podem existir várias verdades para um único caos e nenhum deles deixa de ser mais ou menos verdadeiro que o outro. Pois essas verdades podem passar malabaristicamente por determinados caminhos chegando a um único resultado. Esse sim...supostamente será um único. Ainda assim tenho minhas dúvidas.
Assim, palavras são sensuais se usadas numa forma progessiva coerente. Por incrível que pareçam elas casam de formas que podem omitir, mentir, persuadir e outros “dir” que por vezes se entrelaçam e se destroem, elas por injustas e insaciável que sejam aos momentos, são as únicas que atravessam relógios e nos mostram respingos dos úteros das mentes em trabalho de parto.


Jaqueline Bezerra (Jaque)
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Exposição: Antonio Júnior

Num passeio pelos Interiores

Partes do Interior

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Foto: Antonio Júnior

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